Saturday, July 31, 2010

Como era a Missa em 155 d.C.

Hoje eu partilho com vocês um texto que me deixou maravilhada, primeiro porque nunca antes o tinha lido. Segundo, porque, para falar a verdade, não sei; só sei que fiquei embasbacada com as palavras e principalmente com a antiguidade do texto. E pensar que tem gente que sai por aí afirmando que a Eucaristia é apenas um símbolo. A tradução é minha.
E no dia chamado domingo,
todos que vivem nas cidades ou no campo,
se reúnem em um só lugar,
e lê-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas
pelo tempo que for possível;
depois, quando a leitura é terminada,
o celebrante instrui verbalmente a imitação destas coisas boas.
Então, todos se levantam e oram juntos,
quando terminam oração, é trazido pão, vinho e água,
e o celebrante faz a oferta das orações e ações de graça,
de acordo com sua capacidade,
e o povo consente, dizendo Amém;
e se distribui a cada um,
uma parte daquilo sobre o qual foi feita ação de graças,
e aos ausentes se envia uma porção através dos diáconos.
E este alimento é chamado entre nós de
Εὐχαριστία [Eucaristia], 
do qual a ninguém é permitido partilhar
a não ser aqueles que crêem
serem verdadeiras as coisas que ensinamos,

e que foram lavados pela purificação
destinada ao perdão e remissão dos pecados,
e que vivem de acordo com a vontade de Cristo.
Pois não recebemos simplesmente pão e vinho;
mas Jesus Cristo nosso Salvador,
que feito homem pela Palavra de Deus,
assumiu carne e sangue para a nossa salvação,
e assim fomos ensinados
que o alimento abençoado pela oração da Sua palavra,
e pelo qual nosso corpo e sangue
são alimentados por transmutação,

é o corpo e o sangue deste Jesus feito homem.
Pois os apóstolos,
nas memórias escritas por eles,
que são chamadas de Evangelho,
passaram para nós o que lhes foi prescrito;
que Jesus tomou o pão,
e depois de dar graças, disse,
"Façam isso em memória de Mim,
este é o Meu corpo;
e, da mesma forma,
depois de tomar o cálice e dar graças, Ele disse,
"Este é o Meu sangue";
e deu-os somente a eles.
-- Justin Martyr, The First Apology 

Friday, July 30, 2010

Santo remédio

Gosto muito de Chesterton, muito embora algumas vezes eu não entenda certas referências que ele faz em seus textos. Isso se deve ao fato dele escrever sobre acontecimentos de sua época e de seu país dos quais eu não faço a menor idéia, um sinal de minha ignorância de certos fatos históricos. De qualquer forma, ele é sem sombra de dúvida uma mente brilhante e eu aprendo muito com ele. Mas desta vez ele não fala de sua época.

Partilho com vocês um pedacinho que tirei de seu livro sobre São Francisco e São Tomás de Aquino. Os destaques e os grifos são meus.

O Santo é um remédio porque ele é um antídoto. Na verdade, é por isso que o santo na maioria das vezes se torna um mártir; confundem-no com veneno porque ele é antídoto. Geralmente você o encontra restaurando a sanidade ao mundo por evidenciar exatamente aquilo que o mundo ignora, e que de forma alguma é sempre a mesma coisa em todas as épocas. E, mesmo assim, cada geração procura instintivamente pelo seu santo; e ele não é aquilo que as pessoas querem, mas ao contrário, aquilo que as pessoas precisam. Este é certamente o significado daquelas palavras aos primeiros santos: “vós sois o sal da terra”; mas foi tão mal compreendido que fez o ex-Kaiser dizer com toda solenidade que seus musculosos alemães eram o sal da terra; querendo com isso dizer que eles eram os mais musculosos da terra e portanto, os melhores. Mas o sal tempera e conserva a carne, não porque é igual `a carne; mas porque é bem diferente dela. Cristo não disse aos seus apóstolos que eles eram somente pessoas excelentes, nem que eram as únicas pessoas excelentes, mas que eram pessoas excepcionais; pessoas permanentemente incôngruas e incompatíves; e esse texto sobre o sal da terra é tão forte e azedo agudo como o sabor do sal. E é porque eles eram as pessoas excepcionais, que eles não podem perder sua qualidade excepcional. “Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor?” é uma pergunta muito mais justa do que uma reclamação sobre o preço da carne. Se o mundo se tornar mundano demais, a Igreja poderá repreendê-lo; mas se a Igreja se tornar mundana, o mundo não poderá repreender sua mundanidade de maneira adequada.

Tuesday, July 27, 2010

Imagine o Potencial

Thursday, July 22, 2010

Correção Fraterna

Esse texto transcrevi de um programa da rede de TV EWTN, The Best of Mother Angelica Live, uma reprise em 20-jul-2010 de um programa foi ao ar originalmente por volta de 1998, não tive como confirmar.

Pe Regis Scanlon, O.F.M. Cap., responde `a pergunta de uma telespectadora sobre o dever de se corrigir alguém que sabemos estar no erro.
Se conhecemos alguém que esteja fazendo isso (recebendo a Comunhão em estado de pecado mortal numa situação de matrimônio fora da Igreja e fazendo uso de método anticoncepcional), devemos chamar a atenção dessa pessoa ou devemos rezar por ela?
Primeiro você precisa rezar por ela. Tenha em mente que você só tem a obrigação de corrigir uma pessoa se você tiver autoridade sobre ela ou se você tiver razões para acreditar que ela fará aquilo que você disser.
Mas, se for apenas um tiro no escuro, algo sem previsão de resultado, então não existe obrigação de fazer a correcão. Você poderá fazê-lo como um ato de penitência para você, e você pode vir a receber essa penitência (na forma de discussões, desavenças). Mas é melhor rezar e fazer penitência indiretamente e permitir que Deus arrange uma situação na qual parta da pessoa levantar a questão com você, e deixar que Deus arrange a oportunidade para você fazer a correção.
Eu acredito veementemente que estamos falhando miseravelmente no uso do ato de caridade chamado correção fraterna, o qual a Igreja sugere que todos nós façamos durante a Quaresma. Creia-me, existe muita penitência associada a isso. Mas eu acredito que não estamos fazendo o suficiente.
Agora, se você é mãe então você tem a obrigação de corrigir seus filhos. O sacerdote tem obrigação - ou seja, se a pessoa tiver autoridade sobre a outra. E se você é um amigo íntimo e tem certeza de que a pessoa vai te ouvir, então você tem a obrigação de falar com a pessoa. Fora isso, não passa de um ato de penitência, que nós apoiamos mas você não está obrigado a fazê-lo.
Se devemos ou não, se seremos bem sucedidos ou não, dependerá do tanto de oração e penitência que você tiver investido. 
 
 
 

Tuesday, July 20, 2010

A Ratinha, o pássaro e a salsicha

Contos dos Irmãos Grimm

Certa vez uma ratinha, um pássaro e uma salsicha se associaram.

Havia muito tempo moravam como amigos na mesma casa e com isso haviam aumentado seus bens.

A tarefa do pássaro era ir `a floresta todos os dias buscar lenha. A da ratinha era carregar água, acender o fogo e pôr a mesa, enquanto a da salsicha era cozinhar.

Quem está bem de vida sempre deseja uma coisa nova.

Um dia o pássaro encontrou um amigo e disse para ele como sua situação era confortável.

Mas o outro pássaro o repreendeu e chamou-o de coitadinho, dizendo que ele fazia todo o trabalho enquanto os outros dois, a ratinha e a salsicha, levavam vida mansa.

A ratinha depois que acendia o fogo e carregava a água se retirava para o seu quartinho para descansar, até que a chamassem para pôr a mesa.

A salsicha tinha apenas de se postar junto ao fogão e cuidar para que a comida cozinhasse direito. Quando estava quase na hora do almoço, ela mergulhava a si mesma umas duas vezes no caldo e nos legumes que em seguida eram passados na manteiga e temperados, prontos para serem servidos.

Então o pássaro chegava em casa, descarregava os gravetos e todos se sentavam `a mesa para comer; depois da refeição dormiam o quanto queriam até de manhã.

Era de fato uma vida prazerosa.

Um dia, instigado pelo amigo, o pássaro se recusou a ir buscar mais lenha dizendo que já fora escravo tempo bastante e que os parceiros tinham-no feito de bobo. Precisavam agora fazer mudanças e tentar um novo acordo.

Apesar das fervorosas súplicas da ratinha e da salsicha, fizeram a vontade do pássaro. Decidiram tirar a sorte e a salsicha ganhou a tarefa de carregar a lenha. A ratinha tornou-se cozinheira e o pássaro passou a ir buscar a água.

Qual foi o resultado?

A salsicha foi `a floresta, o pássaro acendeu o fogo, enquanto a ratinha pôs o tacho para ferver e esperou sozinha a salsicha chegar em casa trazendo a lenha para o dia seguinte.

Mas a salsicha ficou tanto tempo fora que os outros dois suspeitaram que alguma coisa ruim lhe acontecera, e o pássaro saiu voando para olhar do alto na esperança de encontrá-la.

Não muito longe dali ele deparou com um cão que encontrara a pobre salsicha e a atacara como caça legítima, dominara-a e rapidamente a engolira.

O pássaro reclamou amargamente com o cachorro por esse roubo descarado, mas não adiantou, pois o cão alegou que encontrara documentos forjados com a salsicha, e por isso ela não pertencia a ninguém.

O pássaro apanhou a lenha e voltou triste para casa contando o que vira e ouvira.

Ele e a ratinha ficaram muito zangados, mas decididos a fazer o possível para continuar juntos.

Então o pássaro pôs a mesa e a ratinha preparou o almoço.

Ela tentou cozinhar a comida e, como a salsicha, mergulhou no caldo de legumes para lhe dar sabor.

Mas antes que pudesse se misturar totalmente no caldo, perdeu os pêlos, a pele e a vida.

Quando o pássaro voltou e quis servir a refeição, não havia cozinheira `a vista.

O pássaro agitado atirou a lenha para um lado, chamou e procurou por toda parte, mas não conseguiu encontrar a cozinheira.

Então, por descuido seu, a lenha pegou fogo e provocou um incêndio.

O pássaro correu a buscar água, mas o balde caiu dentro do poço e o levou junto; ele não conseguiu tomar pé e com isso se afogou.

FIM

Moral da estória: ninguém pode fazer o seu trabalho a não ser você mesmo.