Partilho com vocês um pedacinho que tirei de seu livro sobre São Francisco e São Tomás de Aquino. Os destaques e os grifos são meus.
O Santo é um remédio porque ele é um antídoto. Na verdade, é por isso que o santo na maioria das vezes se torna um mártir; confundem-no com veneno porque ele é antídoto. Geralmente você o encontra restaurando a sanidade ao mundo por evidenciar exatamente aquilo que o mundo ignora, e que de forma alguma é sempre a mesma coisa em todas as épocas. E, mesmo assim, cada geração procura instintivamente pelo seu santo; e ele não é aquilo que as pessoas querem, mas ao contrário, aquilo que as pessoas precisam. Este é certamente o significado daquelas palavras aos primeiros santos: “vós sois o sal da terra”; mas foi tão mal compreendido que fez o ex-Kaiser dizer com toda solenidade que seus musculosos alemães eram o sal da terra; querendo com isso dizer que eles eram os mais musculosos da terra e portanto, os melhores. Mas o sal tempera e conserva a carne, não porque é igual `a carne; mas porque é bem diferente dela. Cristo não disse aos seus apóstolos que eles eram somente pessoas excelentes, nem que eram as únicas pessoas excelentes, mas que eram pessoas excepcionais; pessoas permanentemente incôngruas e incompatíves; e esse texto sobre o sal da terra é tão forte e azedo agudo como o sabor do sal. E é porque eles eram as pessoas excepcionais, que eles não podem perder sua qualidade excepcional. “Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor?” é uma pergunta muito mais justa do que uma reclamação sobre o preço da carne. Se o mundo se tornar mundano demais, a Igreja poderá repreendê-lo; mas se a Igreja se tornar mundana, o mundo não poderá repreender sua mundanidade de maneira adequada.